A Chamada Pública MCTI/FINEP/FNDCT RECUPERAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE ACERVOS e a Brasiliana Museus

A recente Chamada Pública MCTI/FINEP/FNDCT RECUPERAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE ACERVOS e a Brasiliana Museus, http://www.finep.gov.br/images/chamadas-publicas/2024/11_07_2024_Edital_Acervos.pdf, teve como um dos seus requisitos o de que os acervos beneficiados pelo fomento fossem disponibilizados na plataforma Brasiliana Museus. Literalmente o formulário da Chamada dizia: “(iv) Disponibilizar os dados dos acervos museológicos na plataforma Brasiliana Museus do Instituto Brasileiro de Museus, seguindo seus padrões e normativas técnicas de catalogação e documentação”, p. 6.

 Este requisito acabou se mostrando sujeito a diversas interpretações e difícil de atender. Nos parece que isso se deveu, em parte, porque a Chamada não forneceu mais detalhes sobre como atender ao requisito, em parte pelo pouco conhecimento dos coordenadores de projeto e dos avaliadores do que é realmente plataforma Brasiliana Museus.  

A chamada tinha como um dos seus requisitos a “Utilização do acervo com amplo acesso a população brasileira”, p. 7; para atende-lo a Chamada então indica o requisito (iv) conforme acima. A intenção da Chamada parece ter sido, por um lado, fortalecer a plataforma Brasiliana Museus, e por outro lado, sugerir aos gestores de acervos um mecanismo rápido, barato e simples para disseminar amplamente na Web suas coleções.

Faltou esclarecer que a plataforma Brasiliana Museus não impõe um padrão único de metadados para as coleções que hospeda, que estas podem ser exportadas para a Brasiliana Museus bastando que seus metadados sejam representados com planilhas eletrônicas e exportados como arquivos CSV (comma-separeted values, valores separados por vírgulas, https://pt.wikipedia.org/wiki/Comma-separated_values), um dos formatos mais simples para intercâmbio de dados que existe; desta maneira, bastava que a coleção estivesse descrita em uma plataforma, mesmo local, que exportasse dados em formato CSV, ou mesmo que estivesse descrita em um aplicativo simples de planilha eletrônica, para que seus dados pudessem ser exportados para a plataforma Brasiliana Museus, isso a um custo insignificante.

Faltou esclarecer também que o requisito (iv) não implicava que a plataforma Brasiliana Museus fosse a única a disponibilizar na Web uma coleção; a coleção poderia ser disponibilizada em outra plataforma, mais específica e adequada para atender a detalhes descritivos específicos da coleção e simplesmente (também) exportar seus dados em formato CSV para a Brasiliana Museus, atendendo assim ao requisito (iv).

Faltou esclarecer também que a Brasiliana Museus é, ou tenta ser, ou é o que de melhor temos, um agregador de acervos, uma infraestrutura pública muito necessária para os acervos digitais brasileiros em Ciência e Cultura, não um substituto para plataformas locais específicas. Um serviço agregador, como a Biblioteca digital Europeana, http://www.europeana.eu/portal/, permite que registros de coleções distintas possam ser recuperadas de um único ponto de acesso, possam ser integrados e interligados, uns possam dialogar e complementar os outros, possibilitando a criação de trajetos temáticos específicos pela Cultura e História brasileiras, possibilitando  e  diferentes aplicações para a Educação, Cultura e Cidadania.  

Além disso, a plataforma Brasiliana Museus tem como seu gerenciador de conteúdos o programa Tainacan, https://tainacan.org/download/. O Tainacan é um “plugin” do WordPress, conhecido gerenciador de conteúdos para a construção de sítios Web. As instituições podem criar uma instalação Tainacan específica, com um nome de domínio próprio, bastando instalar em seu sítio Web o WordPress e o “plugin” Tainacan. Desta maneira, as instituições não tem que se preocupar em adquirir um gerenciador de conteúdos específico para suas coleções, já que o Tainacan é gratuito; é mais uma opção que facilita que as coleções possam estar disponíveis na Web em um sítio próprio, com uma plataforma gratuita, o que valoriza os projetos, além de somente migrar seus dados para a plataforma Brasiliana Museus, como descrito anterioemente.

Talvez estas questões técnicas/tecnológicas, como formatos de metadados, compartilhamento de dados, interoperabilidade, etc, não sejam familiares às equipes que implementarão os subprojetos, portanto uma recomendação importante é que profissionais de informação – arquivistas, bibliotecários e museólogos – da própria instituição, sejam incorporados às equipes dos subprojetos.